ALFREDO BOULOS JÚNIOR

Ensino de História

Kátia Maria Abud, André Chaves de Melo Silva e Ronaldo Cardoso Alves
Editora Cengage Learning

O excerto a seguir pertence à importante obra Ensino de História, dos pesquisadores Kátia Maria Abud, André Chaves de Melo Silva e Ronaldo Cardoso Alves.

Documentos escritos e o ensino de História

  • 1. Contextualização histórica: o documento é fruto de uma época, de um lugar. Cabe ao professor apresentar e discutir com seus alunos as bases políticas, socioeconômicas e culturais do período e sociedade estudados. Com esse propósito, algumas questões devem ser “feitas ao documento”, referentes a:
    • Autoria (quem escreveu?);
    • Datação (quando foi escrito?);
    • Localização geográfica (onde foi escrito?);
    • Destinatário (a quem se destinava?).
  • 2. Objetivo: os alunos poderão discutir a intencionalidade, a finalidade do documento:
    • É possível determinar a qual grupo socioeconômico e/ou político o autor pertence?
    • Trata-se de documento de cunho pessoal ou institucional (de órgãos governamentais, empresas privadas, veículos de imprensa, entre outros)?
    • a quais pessoas ou grupos sociais e/ou políticos o documento se refere?
  • 3. Aspectos materiais: os materiais utilizados para a complicação de um documento remetem a uma época. Assim, algumas questões possibilitam que os alunos levantem hipóteses a respeito do período da escrita. Essas questões podem se referir, por exemplo, a:
    • Produção do documento; foi feito manualmente (à caneta, a lápis etc.) ou utilizou algum tipo de máquina (computador, máquina de escrever);
    • Tipo de suporte da escrita (papel, pergaminho, papiro etc.);
    • Medidas (tamanho do documento: largura x comprimento).
  • 4. Descrição do documento: essa etapa tem como objetivo extrair informações do texto que poderão indicar com qual finalidade foi compilado. Assim, várias questões devem ser feitas em relação ao documento:
    • Qual é o assunto central?
    • Quais frases ou palavras sintetizam sua intenção?
    • Quais necessidades ou possibilidades de solução de um problema são apresentadas ao leitor?
    • Ocorre defesa ou crítica a alguém (pessoa, grupo social, instituição)?
    • Com quais argumentos? Quais as razões utilizadas para construir essa opção? Em que está embasada tal argumentação?
      [...]
  • 5. Interpretação: após a execução das etapas anteriores, os alunos perceberão que nem sempre é possível extrair todos os dados do documento para que esse possa ser interpretado na sua totalidade. Dessa forma, hipóteses podem ser levantadas e discutida em sala de aula. Cruzamento de informações entre diferentes fontes de um mesmo período pesquisado pode auxiliar um aluno ou todo o grupo a chegar a uma interpretação mais consistente. É importante levar em consideração que o documento não foi criado com a intenção de deixar o material de pesquisa para os historiadores, mas para satisfazer as necessidades da época. Outro fator relevante é que usamos “lentes diferentes” para realizar a interpretação – condicionantes políticos, sociais, econômicos e culturais influenciam nos parâmetros que norteiam nossa análise (nem o documento nem o historiador são neutros, o que se aplica também ao professor e a seus alunos).
ABUD, Kátia Maria; SILVA, André Chaves de Melo; ALVES, Ronaldo Cardoso. Ensino de História. São Paulo: Cengage Learning, 2013. p. 16-19.