ALFREDO BOULOS JÚNIOR

História contemporânea: da Revolução Francesa à Primeira Guerra Mundial

Luís Edmundo Moraes
Editora Contexto

O trecho a seguir pertence ao livro História contemporânea: da Revolução Francesa à Primeira Guerra Mundial, de autoria do historiador Luís Edmundo Moraes, professor-associado de História Contemporânea da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).

A primeira e segunda Revolução Industrial

O setor industrial que melhor exprimiu o impacto do comércio colonial foi o têxtil, particularmente a indústria do algodão, que fincara raízes na Inglaterra não antes de finais do século XVII, com a tentativa de substituição dos tecidos de algodão baratos importados da Índia. [...] As transformações produzidas no setor têxtil implicaram um aumento significativo da produtividade e dos ganhos: nas últimas décadas do século, os lucros chegavam a surpreendentes 450% do valor investido. Isso fez desse setor um polo de atração crescente para capitais privados em busca de investimento lucrativo, apostando tanto na ampliação das fábricas já estabelecidas como na constituição de novas unidades de produção. [...] As transformações que foram geradas na indústria do algodão atingiram, inicialmente, ramos industriais diretamente relacionados aos têxteis: a indústria química, a fabricação de máquinas e a mineração do carvão e do ferro foram empurrados para a modernização. Era o setor têxtil que ditada o ritmo do desenvolvimento da fatia industrial da economia até a década de 1830. [...] o aumento dos investimentos incentivados pela expectativa de ganhos fez com que a produção crescesse em um ritmo maior do que o ritmo de crescimento do mercado consumidor, tanto interno quanto externo. [...] O resultado foi o barateamento progressivos dos produtos: entre 1780 e 1840, o preço dos têxteis sofreu uma redução de 95%, impactando de forma decisiva na queda da taxa de lucro. [...] Sem ser atrativo o suficiente para absorver o reinvestimento, o setor têxtil deixa de expandir e entre em “crise” entre os anos 1830 e 1840. Com isso, esgota-se aquela que foi a primeira fase da Revolução Industrial. Entre os anos 1840 e 1850, os capitais gerados por meio dos têxteis foram redirecionados para ramos de produção que, naquele momento, eram mais atrativos: a indústria mecânica e a siderurgia, que abasteciam a crescente demanda por máquinas. A procura cada vez maior por ferro e carvão deu um enorme impulso à mineração e aos transportes, que vivem sua própria revolução, com a ampliação do uso da máquina a vapor para a navegação e nas ferrovias. Foram as ferrovias que, de fato, se mostraram altamente sedutoras, tanto pelos lucros que o investimento prometia quanto pela aura que as cercava: a estrada de ferro se tornou a expressão de uma Europa que se fazia moderna e civilizada.

MORAES, Luís Edmundo. História contemporânea: da Revolução Francesa à Primeira Guerra Mundial. São Paulo: Contexto, 2017. p. 58-59.

Habilidade da BNCC

8º ano
(EF08HI03) Analisar os impactos da Revolução Industrial na produção e circulação de povos, produtos e culturas.