ALFREDO BOULOS JÚNIOR

História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI

Leandro Karnal, Sean Purdy, Luiz Estevam Fernandes e Marcus Vinícius de Morais
Editora Contexto

O trecho a seguir, dos historiadores Luiz Estevam Fernandes e Marcus Vinícius de Morais, faz parte do livro História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI, organizado pelo professor Leandro Karnal.

História dos Estados Unidos

Durante a Secessão, os escravos utilizaram a Guerra Civil do melhor jeito que podiam para se tornar livres: cada vez que uma tropa do Norte invadia uma região confederada, um enorme contingente de negros fugia das fazendas e, dessa maneira, colaborava para o desmoronamento do sistema escravista.

Graças aos escravos e aos abolicionistas, um combate, que se iniciara em nome da recuperação da unidade territorial do país, transformou-se numa luta pelo fim da escravidão. Lincoln, diante das pressões crescentes de diversos setores pela abolição e da ausência de acordo sobre a escravidão nas novas terras do Oeste, percebeu que a emancipação total dos escravos lhe traria popularidade, e que poderia acelerar o fim da guerra, além de angariar apoio aos europeus críticos do regime de escravidão. Assim, no dia 1° de janeiro de 1863 foi proclamada a Lei de Emancipação dos escravos. Nas áreas longe do alcance legal da União, os escravos tornavam-se livres na medida em que as tropas do Norte venciam. [...]

A lei federal que proibiu a escravidão em todo o território nacional seria promulgada apenas em 1865, como a Décima Terceira Emenda da Constituição norte-americana.

Em novembro de 1863, logo após a sangrenta Batalha de Gettysburg, o presidente Lincoln, proferiu seu famoso discurso em que dava ao conflito um caráter de luta pela democracia. Essa fala tornou-se um dos mais famosos documentos da história dos EUA:

Há oitenta e sete anos, nossos antepassados implantaram sobre este continente uma nova nação, concebida em liberdade, e dedicada à ideia de que todos os homens são iguais. Presentemente, estamos envolvidos numa grande guerra civil testando assim o poder de resistência dessa nação, ou de que qualquer outra concebida sobre aquele princípio. Encontramo-nos, agora, num grande campo de batalha dessa guerra. Viemos até aqui para dedicar uma porção de tal campo como um lugar de repouso eterno para aqueles que aqui deram suas vidas a fim de que a nação pudesse viver. E é conveniente e apropriado que nós prestemos juntos essa homenagem. [...]

É para nós, os que continuavam vivos, que temos diante de nós uma obra inacabada pela qual eles se bateram e tão nobremente adiantaram, que melhor caberia tal dedicatória. Sim, é para nós que estamos aqui dedicados a grande tarefa que se nos defronta – que isso se endereça mais do que a esses mortos honrados dos quais retiraremos a devoção ampliada àquela causa pela qual eles esgotaram a última reserva de dedicação –, tarefa essa que aqui devemos assumir para que esses mortos não tenham morrido em vão, e para que essa nação, sob a autoridade de Deus, deva renascer em liberdade, e a fim de que o governo do povo, pelo povo e para o povo não pereça na terra.

FERNANDES, Luiz Estevam; MORAIS, Marcus Vinícius de. Os EUA no século XIX. In: KARNAL, Leandro et al (Org.). História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. São Paulo: Contexto, 2007. p. 134-135.

Habilidade da BNCC

8º ano
(EF08HI27) Identificar as tensões e os significados dos discursos civilizatórios, avaliando seus impactos negativos para os povos indígenas originários e as populações negras nas Américas.