ALFREDO BOULOS JÚNIOR

Egiptomania: o Egito no Brasil

Margaret Bakos (Org.)
Editora Paris Editorial

O excerto a seguir foi escrito pelas historiadoras Margaret Bakos e Márcia Raquel Brito e pertencem ao importante livro Egiptomania: o Egito no Brasil, organizado por Margaret Bakos.

Obeliscos brasileiros

Existem centenas, talvez milhares, de obeliscos espalhados pelas cidades brasileiras. Porém, parte do significado original desse tipo de construção, tão característica do antigo Egito, se perdeu ao longo dos séculos. Mais do que simples objetos decorativos, os gigantescos blocos monolíticos – isto é, esculpidos em uma só peça de granito – possuíam um forte sentido mitológico para os construtores egípcios: representavam o primeiro raio de sol que desceu pela terra, ligando o mundo dos homens ao universo celeste.

Tekhen era o nome dado pelos antigos egípcios a tais monumentos e significava, textualmente, “raio de sol”. Foram os gregos que lhes deram o nome de obeliscos que, em sua língua significava “agulha” ou “pino”. Na origem, o obelisco era um monumento de pedra afilado, em forma de agulha e com o topo entalhado no formato de pirâmide. [...].

Hoje, assim como as pirâmides, os obeliscos resistem ao tempo e servem de formidáveis testemunhas da perícia e da proeza da civilização egípcia, que os modelava em pedra bruta e, depois, numa engenhosa operação, os transportava até o local de destino. A maior parte deles possui dezenas de metros de altura e pesa centenas de toneladas, sendo surpreendente que tenham sido esculpidos, erguidos e fincados no solo numa época em que não havia ferramentas sofisticadas ou guindastes poderosos como os objetos como os de hoje em dia. Talvez isso explique a posterior apropriação simbólica dos obeliscos, vistos historicamente como emblemas inequívocos de poder.

Com efeito, desde muito cedo os obeliscos se tornaram populares entre outras culturas fora do Egito. [...].

No Brasil, eles são as referências arquitetônicas egípcias mais presentes entre nós, ainda que não haja nenhuma informação sobre a existência de obeliscos egípcios autênticos no país: todos os monólitos aqui existentes são cópias ou recriações de seus modelos originais. Assentados geralmente em centros urbanos, são encontrados na maioria das vezes isoladamente, e não aos pares, como era comum ocorrer no antigo Egito. Em uma busca preliminar, conseguimos catalogar cerca de uma centena de obeliscos em território brasileiro. O número real tende a ser muito maior e com certeza será conhecido com o prosseguimento de nossos estudos e pesquisas na área da egiptologia.

BAKOS, Margaret; BRITO, Márcia Raquel. Obeliscos brasileiros. In: BAKOS, Margaret (Org.). Egiptomania: o Egito no Brasil. São Paulo: Paris Editorial, 2004. p. 73.

Habilidade da BNCC

6º ano
(EF06HI07) Identificar aspectos e formas de registro das sociedades antigas na África, no Oriente Médio e nas Américas, distinguindo alguns significados presentes na cultura material e na tradição oral dessas sociedades.