ALFREDO BOULOS JÚNIOR

1789-1808: o império luso-brasileiro e os brasis

Luiz Carlos Villalta
Editora Companhia das Letras

A transferência da corte portuguesa para o Brasil era um projeto antigo de políticos e intelectuais portugueses. Dentre eles, D. Rodrigo Coutinho, um dos mais importantes e influentes ministros do príncipe D. João.

O trecho a seguir, que fala mais sobre o assunto, pertence à obra 1789-1808: o império luso-brasileiro e os brasis, do historiador Luiz Carlos Villalta.

Transferência da Corte: um projeto antigo

Dentre as propostas de D. Rodrigo de Souza Coutinho estava a transferência da capital do império para o Brasil. Tal ideia fora aventada anteriormente, em diversos momentos críticos da história portuguesa. Em 1580, quando a Espanha invadiu Portugal, o prior do Crato, pretendente ao trono português, foi aconselhado a viajar para o Brasil, estabelecendo em seu território um grande império. Após a Restauração Portuguesa, num contexto de extremas dificuldades, D. João IV apresentou a proposta de uma aliança entre Portugal e França e de divisão do império português, separando do Reino o Brasil e os Açores. No reinado de D. João IV, em 1738, D. Luís da Cunha, após contrastar a estreiteza do território lusitano com a pujança das riquezas do Brasil, aconselhou a transferência de el-rei para a colônia, onde tomaria o título de imperador do Ocidente. Em 1762, ao que parece, o marquês de Pombal, temendo uma invasão do reino por tropas francesas e espanholas, mandou preparar uma esquadra para trazer o rei D. José I para o Brasil. Em 1801, quando as potências europeias fracassavam em debelar a França napoleônica e a diplomacia francesa fazia pressões sobre Portugal que implicavam a perda de sua soberania, o marquês de Alorna aconselhou o príncipe regente a ameaçar transferir-se para o Brasil, dispondo-se a “ir ser imperador naquele vasto território adonde pode[ria] facilmente conquistar as colônias espanholas e aterrar em pouco tempo todas as potências da Europa”.

A estratégia de transferência da Corte para o Brasil – enfim retomada por D. Rodrigo de Souza Coutinho [...] e contando com o apoio da Inglaterra – partia da avaliação de [...] que no Brasil o príncipe regente poderia “criar um poderoso império”. Permanecer em Portugal implicaria o risco de ser aprisionado pelos franceses e de ser forçado a abdicar da Coroa, abolindo-se a monarquia e dilacerando-se o império colonial português.

VILLALTA, Luiz Carlos. 1789-1808: o império luso-brasileiro e os brasis. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. p. 32-33. (Virando séculos).

Habilidades da BNCC

7º ano
(EF07HI13) Caracterizar a ação dos europeus e suas lógicas mercantis visando ao domínio no mundo atlântico.

8º ano
(EF08HI12) Caracterizar a organização política e social no Brasil desde a chegada da Corte portuguesa, em 1808, até 1822 e seus desdobramentos para a história política brasileira.