ALFREDO BOULOS JÚNIOR

A Revolução Francesa explicada à minha neta

Michel Vovelle
Editora Unesp

O trecho a seguir pertence à obra A Revolução Francesa explicada à minha neta, escrita pelo historiador francês Michel Vovelle.

Revolução Francesa e violência

A Queda da Bastilha no dia 14 de julho de 1789 é tão importante quanto o Juramento do Jogo da Péla, talvez até mais: [...] a entrada em cena do povo parisiense constitui o acontecimento mais importante, e vai caracterizar a Revolução que se inicia – é preciso que se diga – com a marca da violência, ainda que esta já estivesse presente antes.

- As coisas não poderiam ter sido feitas de maneira diferente? É muito triste, e talvez injusto, todas essas mortes quando se queria construir um mundo mais justo.

- Você toca bem no cerne do problema. Era possível evitar a violência ou ela era necessária? A tomada da Bastilha nos dá alguns elementos de resposta: sem essa mobilização, a situação ficaria bloqueada. Fica claro que é a recusa do rei, apoiado pelo partido da corte e pela oposição daqueles que serão conhecidos como os aristocratas, que tornou o caminho das reformas impossível. O rei sente-se solidário aos privilegiados; ele diz: “Não quero me separar do ´meu clero´ e da ´minha nobreza´”.

Por causa disso, durante quatro anos ele vai usar de artimanhas, fingindo aceitar a nova situação, enquanto a força do movimento revolucionário afirma-se de maneira destemida, endurece, e a escalada começa.

Não gostamos de sangue, e temos razão de não gostar. Nossos antepassados também não gostavam: muitos ficaram horrorizados com o derramamento de sangue; por exemplo, quando foram assassinados, naqueles dias, o intendente da região de Paris (para simplificar, uma espécie de prefeito), Bertier de Sauvigny, e seu sogro. Babeuf, um jovem pobre que se tornaria mais tarde uma pessoa conhecida, escreve nessa ocasião a sua mulher: “Como essa alegria toda me incomodava... Os senhores tornaram-nos tão cruéis quanto eles...”.

VOVELLE, Michel. A Revolução Francesa explicada à minha neta. São Paulo: Unesp, 2007. p. 32-38.

Habilidade da BNCC

8º ano
(EF08HI04) Identificar e relacionar os processos da Revolução Francesa e seus desdobramentos na Europa e no mundo.