Vamos conhecer um pouco mais sobre a riqueza e a diversidade da arte dos povos indígenas do Brasil? O trecho a seguir aborda este tema e pertence à obra Arte hoje, escrita por Gabriela Brioschi.

Arte indígena

O cotidiano indígena é tomado pelas atividades voltadas para a subsistência, como caçar, pescar, plantar, cozinhar – algumas são tarefas masculinas, outras, femininas –, e também para a produção de artefatos de uso doméstico, como cestos, potes em argila, flechas […] [e] redes.

Quando há ritual, alguns trabalham na confecção de produtos ritualísticos, como máscaras, coroas, pulseiras […] [e] colares. Esses produtos revelam status e posição social.

O rigor no acabamento desses produtos é algo que todos da aldeia buscam.

Existem […] regras para a confecção desses artefatos: alguns devem ser confeccionados por mulheres; outros, por homens; alguns exigem penas de determinados pássaros; a combinação de cores é estudada de forma a aparentar delicadeza etc.

Alguns povos indígenas se destacam em […] [determinados] segmentos de produção, como é o caso, por exemplo, dos Kaapor (Urubu), cuja arte plumária é dotada de rara beleza e […] primor técnico, principalmente na colagem das plumas e couros emplumados.

Na cerimônia de nomeação de uma criança indígena, os Kaapor fazem questão de usar seus elaborados adereços plumários: diadema, braçadeira, pulseira, brincos, colar etc. Nesse dia a criança recebe um nome do tio materno e depois ela é apresentada à sociedade indígena com seu novo nome, usando um diadema de plumas belíssimo na cabeça.

Outro exemplo de destaque é o trabalho das índias Kadiwéu, que produzem uma das cerâmicas consideradas mais bonitas da arte indígena brasileira. É um trabalho que foi ensinado de geração a geração e feito com um toque muito pessoal. Muitas vezes a mulher Kadiwéu imprime no seu pote de cerâmica o mesmo desenho que faz em seu corpo para os rituais.

O trabalho é todo delas: elas mesmas apanham a argila, carregam, amassam e moldam com as mãos, transformando-a em potes, vasos, peças utilitárias em forma de animais etc., tudo envolvido por um colorido próprio, de tons quentes, com grafismos contornados por tinta branca.

Seria impossível falar aqui sobre toda a riqueza da arte indígena brasileira, citar a produção de todos os povos, mas […] [é] possível afirmar que quem pesquisa esse assunto sempre se depara com a beleza, o aprimoramento técnico e a riqueza de significados da arte produzida pelos mais de duzentos povos indígenas do Brasil. […]

 

BRIOSCHI, Gabriela. Arte hoje. São Paulo: FTD, 2003. p. 92.

Arte indígena